domingo, 4 de novembro de 2012

Variação linguística - música "Chico Mineiro" de Tonico e Francisco Ribeiro


Na música também encontramos exemplos que demonstram as variações linguísticas. "Chico Mineiro" é uma música que remete ao modo de vida do homem do sertão, chamado de "caipira". Às vezes, essa expressão vêm carregada de preconceito, mas na verdade tal personagem é aquele que conserva os seus laços culturais, é aquele que está ligado à terra e ao seu cultivo. Essas pessoas tem como uma de suas características um 'linguajar próprio'. Observemos atentamente a letra da canção reproduzida abaixo:


Chico Mineiro

Autores: Tonico e Francisco Ribeiro

Declamado

Cada vez que eu me alembro do amigo Chico Mineiro, das viagen que nói fazia era ele meu companheiro. Sinto uma tristeza, uma vontade de chorar, alembrando daqueles tempo que não mais hái de vortar. Apesar de eu ser patrão, eu tinha no coração o amigo Chico Mineiro, caboclo bom, decidido, na viola era delorido e era o peão dos boiadeiro. Hoje porém com tristeza recordando das proeza da nossa viagem motim, viajemo mais de dez ano, vendeno boiada e comprano, por esse rincão sem-fim. Caboclo de nada temia mas porém, chegou um dia, que Chico apartou-se de mim.

Cantado

Fizemo a úrtima viage
Foi lá pro sertão de Goiais.
Foi eu e o Chico Mineiro
também foi o capataz.
Viajemo muitos dia
pra chegar em Ouro Fino
aonde nós passemo a noite
numa festa do Divino.

A festa tava tão boa
mas antes não tivesse ido
o Chico foi baleado
por um homem desconhecido.
Larguei de comprar boiada.
Mataram meu companheiro.
Acabou o som da viola,
acabou seu Chico Mineiro.

Despoi daquela tragédia
fiquei mais aborrecido.
Não sabia da nossa amizade
porque nós dois era unido.
Quando vi seus documento
me cortou meu coração
vim sabê que o Chico Mineiro
era meu legítimo irmão




A música acima é, sem dúvida, um exemplo claro de que não temos apenas uma forma de falar. A nossa língua é viva, dinâmica e varia bastante. Essas variedades são apenas diferentes e nunca melhores e mais corretas.  É temerário cair na armadilha do que Marcos Bagno chama de preconceito linguístico*, onde certas variantes da língua possam ser discriminadas e outras privilegiadas. 

*Segue a bibliografia: 

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico - o que é e como se faz. Edições Loyola: São Paulo, 1999. 
Neste post, Maria Cristina Altman, professora titular do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (CEDOCH - USP) discorre sobre os princípios fundamentais da Linguística. Dentre os vários temas interessantes abordados no vídeo ela fala da importância de Ferdinand de Saussure (1857-1913), responsável por desenhar a linguística enquanto ciência da linguagem contemporânea. O mesmo aponta para a necessidade de haver uma ciência da linguagem autônoma, bem definida, com objeto coletivo, complexa e heteróclita. Vale conferir!


http://youtu.be/ndv6mSyXbZ4

Autora (post): Fabrícia Lima

Existe um padrão linguístico uniforme?

       Esse post é baseado na leitura do texto "Padrão Linguístico Uniforme é pura ilusão" de Suellen Érica Costa da Silva*. A mesma é professora substituta de redação e língua portuguesa do Centro de Educação tecnológica de Minas Gerais - CEFET. [O link do texto está disponibilizado ao final deste post]. Tal texto levanta uma questão interessante no tocante à linguística: exite um padrão linguístico uniforme? A autora pondera que essa ilusão nasce e é difundida através da ideologia das gramáticas normativas brasileiras e por seus escritores que ainda se apegam à ilusão da “língua única”, considerando que os modelos gramaticais são infalíveis.

     A autora vai mais além e afirma que essa situação é temerária pois dá origem ao preconceito linguístico, criando o rótulo de que toda e qualquer variedade da língua associada à diferença ética, regional, de classe social que se afasta do padrão linguístico imposto pelas gramáticas normativas é “feia”, “errada”, “corrompida”. Ao ensinar somente gramática normativa, a escola tenta destruir a essência de toda e qualquer língua: a sua capacidade de mudança, variação, modificação no tempo, no espaço e de acordo com a situação comunicativa.

      Portanto, o bom senso clama para a importância de propiciar um ensino de língua que mostre aos educando que nossa língua é viva, dinâmica.

      No vídeo abaixo, Claudio Bazzoni aponta que a norma culta é considerada norma padrão, mas isso não pode ser motivo para que o professor discrimine os alunos em função da sua fala:



http://youtu.be/em2EXTcSyAY

Ainda sobre tal tema, servem de ilustração os poemas seguir:

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Aula de português

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

                            
                               (Carlos Drummond de Andrade)

          Neste poema, Drummond aborda a diferença entre a língua falada com tranquilidade pelos alunos e a língua ensinada e normatizada nas escolas. O poeta dá testemunho de sua pertubação diante do “mistério” da língua escrita, expressando muito bem o que os alunos sentem e a dúvida que os devora quando partem para o estudo da gramática.
          Algo tão agradável e belo que é a fala acaba por tornar-se um vilão na vida dos alunos. Sabemos que o reino das palavras é farto. Elas brotam de nosso pensamento de maneira natural, as palavras, contudo, podem ultrapassar seus limites de significação. Podendo, assim, conquistar novos espaços e passar novas possibilidades de perceber a realidade.


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Antigamente 

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. 


                           (Carlos Drummond de Andrade)

       Ainda sobre as variações linguísticas, neste fragmento de texto Drummond conseguiu tirar uma foto linguística da época em que escreveu. Assim como olhamos um retrato antigo e reconhecemos certas coisas, outras, já nos parecem estranhas, e/ou 'engraçadas' e/ou até mesmo desconhecidas. O texto nos aproxima do que ainda é falado e nos dá uma idéia do que era e já não o é mais ou no que se transformou em algo novo.
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 Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

                    (Oswald de Andrade)

       O poema Pronominais de Oswald de Andrade retrata um pouco da diversidade do uso da língua em função da situação comunicativa. O texto fala sobre a linguagem culta (dicionário) "gramática" e a linguagem coloquial (cotidiano). Ele faz uma referência, que existem dentro da língua portuguesa, maneiras distintas para expressar uma mesma idéia e não existe uma maneira certa ou errada para se expressar.
   O texto ainda coloca em discussão o padrão culto da língua portuguesa normatizado pela gramática (‘Dê-me um cigarro...’) e o modo como a língua é usada no dia-a-dia pelos falantes do português brasileiro (‘Me dá um cigarro’) A partir dessa concepção, podemos afirmar que a língua aceita variações usada pelos falantes ou escritores conforme a situação de comunicação. Devemos lembrar que as línguas não são estáticas e nem inalteráveis. A todo o momento, as pessoas criam palavras, frases e formas de expressões diferentes daquelas que são consideradas padrão. O poema "Pronominais", no entanto, resgata a fala popular ao dizer que "o bom negro e o bom branco", ou seja, todos, "Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dá um cigarro". Dessa forma, ele subverte a linguagem culta até então retratada na literatura por uma linguagem mais real do povo brasileiro, sem distinção. Ou seja, ele defende a linguagem popular, ao invés da culta.
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Vício na fala 

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

                                               (Oswald de Andrade)

     Nos versos de “Vício na fala” o eu-lírico vale-se duma linguagem simples (sem os adornos, por exemplo, da poesia parnasiana), um poema que versa sobre as relações sociais que permeavam e até hoje ainda permeiam o Brasil.
     Em seis versos ágeis, o poeta conseguiu falar das diferenças que se dão na língua portuguesa falada no Brasil, por meio de uso de vocábulos ignorados nos movimentos poéticos anteriores. Ademais, introjetou elementos do cotidiano em sua poesia e de maneira sucinta, soube mostrar as diferenças que se dão, pelo meio do idioma.
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Autora (post): Fabrícia Lima


Apresentaremos na íntegra, um interessante texto no tocante às variações linguísticas, onde Alfredina Nery tece considerações sobre o modo de falar dos brasileiros. Trata-se de um especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação. A autora é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.
Variações Linguísticas: o modo de falar do brasileiro
Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;
3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.
Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado. Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.
Variações regionais: os sotaques
Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:


Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.


Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.
Língua e status
Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.
Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.
Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Variações Regionais

Dentre todas as variações linguísticas, uma das mais facilmente identificadas é a variação regional. É o que ocorre, por exemplo, entre pessoas de diferentes estados, cidades ou até mesmo por serem de áreas urbanas ou rurais.

Nos trechos abaixo, escritores de diferentes partes do Brasil manifestam suas respectivas características regionais.

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Texto de Guimarães Rosa (Falar Mineiro)


"E eu levava boa matalotagem, na capanga, e também o binóculo. Somente o trambolho da espingarda pesava e empalhava. Mas cumpria com a lista, porque eu não podia deixar o povo saber que eu entrava no mato, e lá passava o dia inteiro, só para ver uma mudinha de cambuí a medrar da terra de-dentro de um buraco no tronco de uma camboatã; para assistir à carga frontal das formigas-cabaças contra a pelugem farpada e eletrificada de uma tatarana lança-chamas; para namorar o namoro dos guaxes, pousados nos ramos compridos da aroeira (...)"
(João Guimarães Rosa, São Marcos, in: Sagarana)

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Texto de Simões L.Neto (Falar gaúcho)


"Vancê pare um bocadinho: componha seus arreios, que a cincha está muito pra virilha. E vá pitando um cigarro, enquanto eu dou dois dedos de prosa àquele andante ... que me parece que estou conhecendo ... e conheço mesmo! ... É o índio Reduzo, que foi posteiro dos Costas, na estância do Ibicuí. "
(Simões Lopes Neto, Contos gauchescos e lendas do sul

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Texto de José Lins do Rego (falar nordestino)



"Chegou a abolição e os negros do Santa Fé se foram para os outros engenhos. Ficara somente com Seu Lula o boleeiro Macário, que tinha paixão pelo ofício. Até as negras da cozinha ganharam o mundo. E o Santa Fé ficou sem os partidos no mato, com o negro Deodato sem gosto para o eito, para a moagem que se aproximava. Só a muito custo apareceram trabalhadores para os serviços do campo. Onde encontrar mestre de açúcar, caldeireiros, purgador?"
(José Lins do Rego, Fogo Morto)

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Ainda para ilustrar, neste vídeo - em entrevista ao Jô - o ator Nelson Freitas demonstra com uma certa dose de humor, as variações regionais ...




http://youtu.be/NrtrLbDPC-Y

Divisões da linguística


Os linguistas dividem o estudo da linguagem em certo número de áreas que são estudadas mais ou menos independentemente. Estas são as divisões mais comuns:
*fonética, o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
*fonologia, o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
*morfologia, o estudo da estrutura interna das palavras;
*sintaxe, o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais.
*semântica, podendo ser, por exemplo, formal ou lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram;

*lexicologia, o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico; 
*terminologia, estudo que se dedicada ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas; 
*estilística, o estudo do estilo na linguagem;
*pragmática, o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos;

*filologia, é o estudo dos textos e das linguagens antigas.Nem todos os linguistas concordam que todas essas divisões tenham grande significado. A maior parte dos linguistas cognitivos, por exemplo, acha, provavelmente, que as categorias "semântica" e "pragmática" são arbitrárias e quase todos os linguistas concordariam que essas divisões se sobrepõem consideravelmente. Por exemplo, a divisão gramática usualmente cobre fonologia, morfologia e sintaxe.
Ainda existem campos como os da linguística teórica e da linguística histórica. A linguística teórica procura estudar questões tão diferentes sobre como as pessoas, usando suas particulares linguagens, conseguem realizar comunicação; quais propriedades todas as linguagens têm em comum, qual conhecimento uma pessoa deve possuir para ser capaz de usar uma linguagem e como a habilidade linguística é adquirida pelas crianças.

Linguística Textual


As gramáticas textuais surgiram com o intuito de dar significação aos textos redigidos. Assim, estas vêm trabalhar os aspectos de coesão e coerência dos textos.No entanto, com o passar do tempo criou-se um dilema quanto aos aspectos significativos dos textos.Será que seria suficiente somente a gramática que trata da ordenação de palavras e construção de paradigmas no texto? ou será necessário um novo instrumento de análise e construção para a compreensão do “contexto” dos textos?

Conte vem dizer que são necessários três momentos fundamentais para essa construção do sentido dos textos, ou sua objetividade.O primeiro seria o da análise transfrástica, o qual trata da compreensão e significação dos enunciados os quais remeterão a enunciados transcendentes ao sentido dos enunciados postos.O segundo momento, da construção das gramáticas textual, vem ordenar os enunciados para o correto emprego de pronomes, verbos, preposições, enfim, da construção coerente do conjunto de enunciados que compõem o texto.O terceiro momento trata-se das teorias de texto, as quais trarão a objetividade do texto, no trabalho direto com o espaço e tempo do ato de fala, as influências sofridas no ato de fala por questões sociais e instrucionais (níveis de conhecimento e aprendizado e língua materna dos participantes do ato de fala).

Nesta parte dos estudos se dá grande importância à constituição do texto no sentido pragmático (objetivo), ou seja, o texto passa a ser avaliado no seu aspecto significativo (contextual), tomando-se cuidado com aspectos exteriores ao texto que influem em sua compreensão como a sua produção (atos de fala), recepção (lógica das ações) e interpretação (teoria lógico-matemática).

Dressler acredita que a pragmática é apenas um componente acrescentado a posteriori, ou seja, sua única função é dar sentido ao texto de acordo com o tipo de situação comunicativa em que este é introduzido.

Já para outros como Schmidt, a inserção da pragmática na descrição lingüística é uma evolução da lingüística textual em direção a uma teoria pragmática do texto, ou seja, é a possibilidade de se associar o conteúdo do texto a outros tipos de textos ou a melhor compreensão de seus participantes (numa situação específica de ato de fala), uma vez que entendida a objetividade do texto este pode ser compreendido e associado por todos os indivíduos da situação de ato de fala.

Desta forma, o ato de comunicação, visto como forma específica de interação social por Schmidt, torna-se uma explicação acessível a qualquer participante de um ato de fala, sendo assim a base empírica do texto deixa de ser a competência textual e passa a ser a competência comunicativa, adaptando-se ao meio social, a situação de fala e aos indivíduos participantes deste ato de fala.

Para Oller, o uso da língua é um processo constituído por três dimensões indissolúveis: a dimensão sintática, a dimensão semântica e a dimensão pragmática.A sintática trabalha o arranjo temporal, a semântica as relações de sentidos dos elementos (paradigmas), e a pragmática associa esses elementos temporais e paradigmáticos a conhecimentos adquiridos anteriormente destes mesmos sentidos.E é esse elemento pragmático que torna o enunciado a concreto.Sem estes sentidos os outros (sintático e semântico) não podem se realizar.Em outras palavras, é a pragmática da geração de frases que determina a opção a ser feita em cada situação sintática e semântica.A pragmática é vista como a interação dinâmica entre o conhecimento do locutor e as dimensões sintático-semânticas.

Também para Petofi, é impossível separar semântica, sintática e pragmática.

Petofi vem desenvolvendo uma teoria que ele chama de TeSWeST(Teoria da Estrutura de Texto-Estrutura do Mundo), a qual seu objeto de estudo são os sentidos atribuídos aos textos pelo mundo e a estrutura destes textos.

A gramática textual não é uma gramática específica, uma vez que esta tem como diferencial a definição explícita do “texto” ou “discurso”.Da mesma forma a lingüística textual deve ser também vista por sua intenção de pesquisa ou campo de estudos.

O conceito de texto é definido por conceito central da lingüística e da teoria de texto, uma vez que este não pode ser definido diretamente a um só contexto pela abrangência de sentidos atribuídos ao ato de fala e texto por meio da pragmática, semântica e situações de produção.

Um texto só pode ser analisado como seqüência de signos significativos isolados se esta for feita de forma concomitante, ou seja, que se manifesta ao mesmo tempo que outra.

Nos textos encontramos os fenômenos textuais, por assim dizer, anafóricos e catafóricos.Os anafóricos correspondem às informações anteriores à enunciação, enquanto as catafóricas são as informações subseqüentes à enunciação.Por meio desses fenômenos lingüísticos tornam-se discutíveis os conceitos de unidade de frase como estatuto especial dentro do texto, no âmbito da lingüística textual.

A diferença entre texto e discurso é um tanto complexa quanto a sua interpretação.Criou-se várias dúvidas quanto a sua dissociação.O texto, trata da estrutura contextual composta por signos que, quando ligados(organizados de forma sintática), formam seqüências de frases que dão coesão ao tema (enunciado) do texto, no sentido semântico.Já o discurso é o ato de fala (enunciação) do texto produzido, o qual traz coesão e coerência a este, construindo sentido no seu âmbito pragmático, o qual é formado não só pelos elementos sintáticos e semânticos, mas, também fonéticos e outros elementos que constituem as condições de produção do ato de fala(ato discursivo).

O Gênio Genebrino

                        Ferdinand de Saussure, 26 de novembro de 1857 (1857-1913).





Nasceu em Genebra, proveniente de uma família francesa que contava com cientistas como geólogos, naturalistas e gramáticos. Ainda jovem, aprendeu latim, alemão, inglês, grego e sânscrito. Em Genebra, deu início aos estudos de Química e Física logo abandonados para que pudesse dedicar seu tempo aos estudos da linguagem. Foi a Leipzig e a Berlin, onde estudou o antigo persa. Em 1878 publicou sua fundamental Memória sul sistema il persiano delle vocalli nelle lingue indoeuropee na qual postula a existência das entidades vocálicas sob o ponto de vista estrutural e não simplesmente vocálico - com exceção desta, quase nada mais foi publicado por ele -. Em Paris, lhe ofertaram a cátedra de gramática comparada, que manteve entre os anos de 1906 e 1911. Durante esse período, a partir de anotações feitas no decorrer de suas aulas, seus discúpulos Charle Bally e A. Sechehaye com a colaboração de A. Reindlinger, Payot, Lausanne-Paris publicaram postumamente o Cours de Linguistique Générale, obra fundadora das ciências humanas do século XX.Em 1996, num anexo da residência de Saussure, em Genebra, foram descobertos textos de sua própria autoria que deveriam compor um livro sobre lingüística geral. Tais textos encontram-se depositados na Biblioteca pública e universitária de Genebra e publicados nos Escritos de Lingüística Geral, de Ferdinand de Saussure, organizados e editados por Simon Bouquet e Rudolf Engler, editora Cultrix.O Lingüística.com deverá trabalhar e analisar os conceitos lingüísticos à partir do diálogo entre as duas obras supra citadas.

http://linguisticacom.blogspot.com.br/

A importância da linguística

O estudo da linguística é de fundamental importância para compreensão da linguagem humana e suas diversas manifestações,a linguística mostra através dos seus estudos científicos a evolução humana e a importância da fala para se estabelecer uma comunicação. A linguagem humana é algo que está em constante estudo e através desses estudos existem descobertas relacionadas ao processo da fala,língua e linguagem.



A linguística não faz juízo de valor como as gramaticas tradicionais,mas busca através de estudos explicar as diferenças na fala de um indivíduo para outro,sem fazer juízo de valor. A linguística mostra através de seus estudos a importância da linguagem para comunicação humana,pois é através da linguagem que uma sociedade se desenvolve.

A importância da linguística é inquestionável,pois é através dela que compreendemos a evolução da sociedade atual. Ela é multidisciplinar,sendo assim recorre a varias outras ciências afins para descrever o complexo processo da linguagem humana. A linguística abrange varias esferas do conhecimento,sendo assim o seu    estudo   essencial para a 
evolução da linguagem humana.


Autora: Carla Silva

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fernando Saussure - Breve Vida e Obra

O programa mostra de forma simples e objetiva, a vida e obra do linguísta suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), cujas elaborações teóricas permitiram o desenvolvimento da linguística como ciência.



http://youtu.be/WiURWRFcQsc